sábado, 23 de fevereiro de 2008

"Ser moderno sem ser mundano!" - Pr. Marcos feliciano

Já faz algum tempo que tenho recebido críticas constantes em relação à minha aparência, ou melhor, aos “ajustes” que fiz. Alguns irmãos condenam estes atos afirmando que é vaidade, outros, mais emocionados chegam a dizer que estou “traindo” minhas origens, deixando o "sucesso subir à cabeça", que estou me tornando “orgulhoso” e até mesmo “soberbo”. São muitos os adjetivos, e decidi, então, me pronunciar.

Não estou traindo as minhas origens: continuo sendo crente pentecostal, que ama a Deus acima de todas as coisas, um homem falho, é verdade, mas que busca a santificação, divulga o avivamento, e anuncia o Evangelho por onde quer que passa. Sou apenas um pequeno instrumento nas mãos de um Deus grande, que tem realizado coisas grandes. Não sou super-homem, nem quero ser, sou um ser humano e como tal busco a felicidade, como todos os demais.

Talvez você esteja pensando: “Pastor, mas isso é vaidade!” E o que é vaidade, afinal? Melhorar a aparência? Desejar estar melhor? Tentar amenizar o envelhecimento provocado pelo tempo, com corretivos, plásticas, pinturas etc.? Vestir uma roupa bonita? Qual a diferença de se usar um cavanhaque, um bigode ou uma barba? Qual a diferença entre usar uma roupa azul-marinho e uma roupa vermelha? Onde isso prejudica nossa comunhão com Deus? Qual o problema em aparar as unhas, pintar os lábios, mudar a cor do cabelo? Como, me diga, isso interfere no relacionamento do homem com Deus? Sinceramente? Em nada!

As pessoas que têm-me assistido ultimamente, quer pela TV ou em pregações, devem ter notado que a UNÇÃO, a GLÓRIA DE DEUS e a PRESENÇA DO ESPÍRITO SANTO continuam sobre o Ministério que o Senhor me confiou. Os sinais, a salvação das almas continuam, se não iguais, maiores do que antes.

É possível ser MODERNO sem ser MUNDANO. “O que é ser mundano, pastor?” É portar-se de forma leviana e sensual. Desejar ser mais bonito, desejar conforto, desejar o melhor da terra não é (e nunca será) pecado. Pecado é julgar, medir, atirar pedras, ofender, caluniar, emprestar a língua para satanás. Pecado é invejar por ser covarde, ou seja, ver o irmão melhorar, não ter coragem de fazer como ele e sentir inveja.

A vida é extremamente curta nesta terra. Como qualquer pai, nosso Pai do céu também fica feliz quando vê seus filhos felizes e se entristece quando os vê entristecidos! O desejo de Deus ao homem que Ele criou é que seja feliz, se realize e conquiste, prospere e viva da melhor maneira possível, sem abandoná-lo, sem esquecê-lo, sem se apostatar Dele. Ninguém é miserável por que é pobre, e sim é pobre por que é miserável!

Expulsemos essa mesquinhez da nossa vida e tiremos primeiro as escamas dos nossos olhos para depois apontarmos as de nossos irmãos. Não apostatei da fé, nem abandonei meus princípios. Nunca preguei contra a felicidade das pessoas. Usei sim, jargões, frases de efeitos para chamar a atenção da assistência. Para fazer as pessoas refletirem.

Por exemplo, sempre falei do gel no cabelo, da maquiagem no rosto, no estilo do corte do cabelo, mas nunca denunciando, criticando, e sim mostrando que, às vezes, alguns dão mais atenção a isso do que ao culto, à presença do Espírito do Senhor. Já preguei, sim, contra roupas que expõem as pessoas ao ridículo, à sensualidade. E é claro, venho do Interior do Estado de São Paulo, e com o passar do tempo, após estudos e experiências, acabei descobrindo que minha geração foi exposta a COSTUMES DE HOMENS como se fossem DOUTRINAS BÍBLICAS, e isso é engodo e pecado! Colocar as pessoas sob um jugo que nem os que os criaram suportam, sim, é pecado.

Na minha adolescência, não se assistia à televisão, não se jogava bola, não se depilava as pernas (mulheres), não se usava short. Pasme, cheguei a receber ensinamentos de que não podia nem sequer me perfumar. Resultado? Minha geração é voltada à aparência. Gosta de mensagens onde o pregador espanca as pessoas.

Já percebeu que quando um pregador começa a "bater" o povo grita: “FALA DEUS, BATE MAIS...” Por quê? Simples, na mente dos ouvintes está a figura de alguém que ele julga precisar desta carapuça. Ninguém a veste em si, mas sempre pensa nos outros. Isto é hipocrisia, falta de amor cristão, de sensibilidade.

Outros afirmam que não sou assembleiano mais. Então me diga, qual é o costume da Assembléia de Deus? Preguei certa vez numa AD em uma cidade paulista, e ao chegar lá estava de calça jeans. Foi o suficiente para o pastor declamar um sermão e me fazer trocar de roupa pois, segundo ele, aquele não era o costume da nossa igreja. Na semana seguinte fui pregar no Rio de Janeiro, e no domingo à tarde, o pastor da igreja, literalmente, jogou sobre mim um short, e disse: “Coloque aí pra irmos tomar um banho de mar.” Ambos eram assembleianos, e qual estava certo?

Outro dia pregando em MG, constrangi um jantar inteiro ao pedir uma Coca-Cola, pois segundo o pastor era pecado. Em contrapartida, pregando pela Europa, me ofereceram vinho no jantar, mas quando recusei, houve o mesmo constrangimento nos que me ciceroneavam, pois não era consideravam pecado algum tomar vinho. Detalhe: todos os casos ocorreram na minha denominação Assembléia de Deus.

Nossa igreja, embora seja grande, não é unânime em usos e costumes ou, como queiram chamar, doutrinas. Não há uma regra especifica. Uns usam pingentes, pulseiras e brincos, outros não. Quem está certo? Quem está errado? Uns assistem à TV, e outros nem rádio ouvem. Na verdade, falta coragem para algumas lideranças assumirem de fato publicamente o que é bíblico e o que são apenas dogmas humanos.

Cresçamos na graça e no conhecimento. A verdade liberta... Ser feliz não é pecado, desejar ser melhor do que somos não é pecado. A irmã querer ficar bonita para o seu marido não é pecado. Adornar-se não é pecado. Desde que, é claro, tais coisas não influenciem em seu relacionamento com Deus. Conheço pessoas que fizeram voto de nunca se maquiarem, cortarem o cabelo e vivem muito bem, pois sabem que isso é algo pessoal delas. Mas não admito que a minha geração seja aprisionada por costumes que a impedem de prosperar, de realizar-se, de se auto-realizar.

Seja belo, seja bela, seja “para frente”, sem nunca deixar CRISTO “para trás”. Seja liberto da escravidão religiosa, e sirva com liberdade, adoração e felicidade Aquele que o salvou! Costumes mudam, são temporais, regionais, culturais; hoje existem, amanhã desaparecem. No tempo de Jesus, homens usavam túnicas, vestidos. Na Escócia, alguns homens usam um aparato que, no Brasil, chamaríamos de saia. No Oriente faz parte da cultura homens terem barba comprida. As DOUTRINAS BÍBLICAS, porém, são imutáveis, como batismo, Santa Ceia e Salvação, entre outras.

Se a sua igreja, através do seu pastor, dá ênfase aos usos e costumes e você os aceita e vive com alegria, devoção, sem criticar os que não os praticam, amém! Obedeça, porque obedecer ao pastor é uma doutrina bíblica. “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hb 13:17). Agora, saiba que não tem o direito de condenar a ninguém que não segue os mesmos costumes que você.

É preciso que os nossos costumes não sejam contrários à doutrina bíblica. A Bíblia diz claramente: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. (1Co 6:12). Preocupar-se em ter uma boa aparência é normal, saudável e não é pecado; não podemos nos deixar dominar pela vaidade e viver em função dela, sermos escravos dela, ou até mesmo neuróticos, como no caso de algumas modelos que se destroem com dietas para manterem uma aparência considerada aceitável pelo mundo. Isso não é saudável é doença, é escravidão.

A vaidade passa a ser pecado quando nos deixamos ser dominados por ela, e vivemos em função dela, ou quando a usamos com objetivo de cometer outros pecados, como a pessoa que se utiliza da vaidade para ter uma aparência sensual, por exemplo. Ter uma boa aparência, estar bem consigo mesmo, poder olhar-se no espelho sem se assustar não é pecado.

Espero ter esclarecido sobre as críticas que recebi. Continuo sendo apenas um servo de Deus que, por sua majestosa misericórdia e infinita bondade, ainda é usado. Minha missão é promover o avivamento e pregar o Evangelho. Continuo a necessitar da oração de cada crente. Que Deus abençoe a todos.


Seu conservo em Cristo,

Pr. Marco Feliciano, D.D.